Botijão de gás SC

Revendas de GLP iniciaram 2018 com grandes desafios em busca da sobrevivência.

Após uma tempestade de aumentos nos preços do GLP no ano de 2017, que elevou os preços do produto na Petrobrás em quase 70%, estamos iniciando o ano de 2018 com um mercado muito turbulento e com um considerável aumento nas concorrências desleais.
As gigantes distribuidoras com seus aplicativos próprios ou parceiros através de sociedades quase ocultas, desencadearam promoções com créditos telefônicos e descontos vinculados a cadastros e cartões de créditos, oferecendo descontos desproporcionais em referência a margem bruta dos revendedores, levando os preços do botijão de gás de 13kg abaixo do valor de compra das revendas autorizadas pela ANP que atuam nesse mercado.
Isso mostrou claramente o apetite das distribuidoras em manter o cliente vinculado e fidelizado a sua marca, de forma a não permitir que as revendas construam suas imagens perante os consumidores. A indecisão do CADE com referência ao processo de aquisição da Liquigás pelo grupo Ultra levou o mercado a uma disputa por Market Share, onde a troca de bandeiras entre revendas vinculadas se tornou comuns e a guerra de preços aumentou entre os competidores.
Nesse momento se faz necessário que, os empresários do setor reflitam sobre suas decisões antes de assumirem compromissos contratuais com seus fornecedores.
A conta está ficando muito cara aos revendedores e os benefícios estão claramente em favor das distribuidoras devido ao vínculo que as campanhas dos aplicativos das marcas tem implementado.
Não podemos ser contra e nem impedir as facilidades que a tecnologia nos tem trazido nos últimos tempos através dos Apps, mas não dá para aceitar as distribuidoras usarem o poder econômico desproporcional a realidade das revendas para fixar a imagem dos Apps aos olhos dos consumidores, deixando claro uma concorrência desleal ou até uma ação de dumping frente a fragilizada revenda de GLP.
Infelizmente os órgãos antitruste ou o órgão regulador, tem feito vistas grossas aos acontecimentos e de forma clara tem beneficiado a concentração de mercado, que fechou 2017 com 93,42% sob o controle de 5 distribuidoras.
Em novembro/2017 a ANP prorrogou os prazos das resoluções 49/16 e 51/16 que alterava as regras de atuação no mercado proibindo a verticalização, isso é, impedindo que uma gigante distribuidora competisse com um minúsculo revendedor.
A revenda mais uma vez foi aparentemente desprezada com a atitude da diretoria colegiada da ANP prorrogando por mais um ano a decisão do fim da verticalização parcial, já que a resolução ainda permitirá as distribuidoras manterem revendas próprias.
Já contamos com uma rede de mais de 68.000 revendedores autorizados e ainda competimos com mais de 200.000 agentes clandestinos atuando em todas as regiões do país, as distribuidoras e autoridades tem pleno conhecimento das operações irregulares pois as reclamações e denúncias do comercio ilegal de GLP se tornaram corriqueiras na ANP, imprensa e nos Ministérios públicos em diversas regiões do país.
Os consumidores estão a mercê de um serviço duvidoso, estima-se que 75% dos agentes que concluem as entregas de botijões nas residências, são agentes clandestinos fantasiados com uniformes das marcas se intitulando como legais.
Desta forma, nos resta convivermos com a competição predatória e ilegal, aceitar a acomodação dos órgãos antitruste e a omissão dos órgãos fiscalizadores ou então a classe unida recorrer à justiça na expectativa de dias melhores.

José Luiz Rocha
Presidente da Abragás

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