O Murmúrio de um setor que nunca foi ouvido!

Por José Luiz Rocha – Presidente da Abragás
Rio de janeiro – 10/11/2020

A muito tempo a revenda de Gás de Cozinha pede socorro, mas, ninguém ouve o lamento desse setor, o serviço é essencial e de utilidade pública, mas se tornou o ícone da informalidade e do crime!

A Petrobrás vem subindo o preço do Gás de cozinha de forma desordenada e sem critério algum, essa é a prova cristalina que o oligopólio funciona muito bem obrigado no Brasil, com a proteção das autoridades antitruste e a conivência do órgão regulador, a revenda paga o preço que lhe é imposto e leva fama de subir os preços aos consumidores quando na realidade estão perdendo as margens necessárias à sobrevivência das empresas.

Mesmo nos momentos de queda do barril de petróleo, o comando monopolista argumenta a variação do dólar, desvalorização do real a velha paridade internacional e tem aplicado uma sequência de aumentos no GLP durante este ano de 2020.
Usando como referência a retirada do produto no polo de abastecimento da Petrobras de Mauá- SP, de janeiro/20 a novembro/20, as distribuidoras receberam um aumento real de R$4,55 para cada botijão de 13KG.
Se compararmos o último preço praticado em 12/2019, quando o GLP custava R$2.177,90/ton. (R$28,31 por botijão de 13 KG, preço sem impostos) e o preço praticado em a partir de 04/11/2020 que passou a ser de R$2.527,70/Ton. (R$32,86 por botijão de 13 KG, preço sem impostos) teremos um acréscimos de R$349,80/ton., representando um aumento real de 16,07%.
Em dezembro de 2019, o preço médio do botijão de gás em São Paulo era de 67,66 contra 72,87 na última semana de 10/2020 (Fonte ANP). Na prática, em 10 meses houve um aumento médio de R$5,21 para os consumidores, o que reflete em 7,7% de aumento real para os consumidores, contra 16,07% de aumento real aplicado pela Petrobrás.

A Petrobrás, por meio de sua assessoria de imprensa, divulgou que o preço médio nacional do GLP foi elevado em 16,1%, considerando o preço médio nacional de todos os polos de retirada o aumento foi de R$4,47 por botijão.

Se a revenda tivesse aplicado a mesma regra da Petrobrás, (16,07% em SP) o preço do botijão de gás em São Paulo deveria ter aumentado R$10,87 e estar com preço médio de R$78,53. Isso demonstra claramente, que as revendas não estão conseguindo repassar os aumentos de preços e muito menos a reposição dos custos operacionais e continuam perdendo margens. O Fato se dá, devido à alta competição no setor, inclusive com o comércio informal que, é outro tema que as autoridades fecharam os olhos e deixaram correr solto por todo o país.

Em resumo, a Petrobrás sendo monopolista impõe ao mercado o preço que bem entende, o oligopólio distribuidor por sua vez, repassa ao segmento revendedor, 100% dos aumentos recebidos da Petrobrás, acrescidos dos custos operacionais que não param de subir, enquanto isso o segmento revendedor está indo ladeira abaixo por não conseguir repassar os aumentos necessários a sobrevivência do negócio!

A revenda por ser o último elo dessa cadeia fica de frente com os consumidores ouvindo suas lamentações e pagando a culpa pelos aumentos que se tornaram habituais o fazendo com que os preços chegassem a mais de R$100,00, nas regiões mais distantes dos pólos de abastecimento.

As revendas precisam urgente recompor suas margens de acordo com seus custos operacionais, ao contrário não sobreviverão na legalidade. A algum tempo muitos já seguem o caminho da informalidade como forma de sobrevivência, o que é lamentável para um serviço considerado de utilidade pública.

É preciso que haja interferência urgente das autoridades competentes no mercado informal, porque ao contrário a revenda legal não se sustenta no mercado devido a competição desleal com a informalidade e os consumidores não poderão mais contar com serviços de qualidade e a segurança que merecem!

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