GLP representa 8,4% do salário-mínimo brasileiro em 2022, segundo ANP
O preço do gás de 13 kg de GLP no Brasil saltou de R$ 69,74 em janeiro de 2020 para R$ 102,40 no primeiro mês de 2022. Trata-se de uma alta aproximada de 50% no custo do produto ao consumidor em apenas dois anos.
A reportagem utilizou como base os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O preço do GLP é composto por tributos estaduais, federais, custo de distribuição e a margem cobrada pela Petrobras.
Em cálculo realizado a pedido da CNN, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelson Sampaio, aponta que o valor do botijão de gás representa atualmente 8,4% do salário mínimo brasileiro, que foi reajustado para R$ 1.212,00 em 2022 pelo governo federal.
O economista também enumerou os fatores econômicos que causaram o aumento no custo do produto ao longo dos últimos dois anos. No entanto, ele destacou a política de preço da Petrobras como o principal motivo para a disparada no preço.
Em 2020, o valor arrecadado pela estatal era de R$ 27,79 por botijão. Dois anos depois, o montante arrecadado pela companhia é de R$ 50,87 – um aumento de 83%. Procurada pela CNN, a companhia petrolífera respondeu, no final da tarde desta quinta-feira, que “os preços praticados seguem a dinâmica de mercados de commodities em ambiente de livre competição e estão em conformidade com a legislação aplicável.”
A Petrobras destaca ainda, que “o preço de venda para as distribuidoras é apenas uma parcela do preço de revenda percebido no preço do botijão pago pelo consumidor”, já que sofre acréscimos ao longo da cadeia. (veja a nota completa abaixo).
“Os principais componentes que explicam esse aumento é o custo do petróleo no mercado internacional, dólar valorizado e frete do petróleo até as refinarias. Mas o destaque fica para o custo do insumo no mercado exterior, que faz com que a Petrobras cobre um valor muito alta pelo produto. Dessa forma, os aumentos acabam sendo repassados pela companhia com efeito em todo mercado nacional”, disse o professor da FGV.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (9), apontou uma queda de 0,73% na incidência da inflação no gás de botijão em janeiro, após 19 meses de alta.
Apesar disso, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello, acredita em uma estabilidade no preço do GLP. Para ele, não deve haver uma queda nos valores para o consumidor ao longo dos próximos meses.
“A pressão sobre os preços do GLP tem sido alta nos últimos dois anos. Sempre preço em ascensão. Eu não chamo o dado do IBGE de queda, é no máximo uma estabilização. E, por fim, vamos destacar que o GLP é um produto essencial, não é algo que as pessoas podem deixar de comprar, está muito caro”, afirmou o presidente da Sindigás.
Confira a nota completa da Petrobras:
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais. Os preços praticados seguem a dinâmica de mercados de commodities em ambiente de livre competição e estão em conformidade com a legislação aplicável.
O preço de venda da Petrobras para as distribuidoras é apenas uma parcela do preço de revenda percebido no preço do botijão pago pelo consumidor. Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos estaduais; além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores, sem qualquer influência da Petrobras.”
Fonte: CNN Brasil